Arquivos Acolhendo em Parelheiros - IBEAC http://www.ibeac.org.br/category/acolhendo-em-parelheiros/ Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário Tue, 03 Aug 2021 17:15:20 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.9.7 Pássaros, frutas frescas e muito verde – bem-vindo à Parelheiros! http://www.ibeac.org.br/passaros-frutas-frescas-e-muito-verde-bem-vindo-a-parelheiros/ Mon, 02 Aug 2021 14:24:17 +0000 http://www.ibeac.org.br/?p=1879 Parelheiros está localizada na periferia de São Paulo. Um projeto modelo mostra como o turismo...

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Parelheiros está localizada na periferia de São Paulo. Um projeto modelo mostra como o turismo sustentável pode ter sucesso no local.

É o chilrear dos pássaros? Ou será o cheiro fresco das árvores, em cujas folhas o vento faz sons que se misturam com o chilrear? Ou será simplesmente o verde ao redor? Aqui, a vida quotidiana abranda subitamente, tudo parece mais leve, mesmo que esta floresta não esteja na Amazônia, mas na maior cidade da América do Sul: São Paulo.

Esta cidade é também chamada a “selva de pedra”, os prédios são tão altos como em Nova Iorque, a vida noturna tão agitada como em Berlim e a pobreza tão visível como em Detroit. A cidade brasileira de 12 milhões de habitantes é também o lar de uma joia secreta: 40 quilômetros ao sul do centro da cidade encontra-se um pedaço de floresta tropical protegida, onde o projeto “Acolhendo em Parelheiros” vendo sendo desenvolvido há três anos. O projeto foi iniciado pelo Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC) e pretende ser um projeto modelo para o que o turismo moderno pode alcançar quando pensado do ponto de vista dos residentes.

Vera Lion, socióloga de 71 anos e uma das coordenadoras do IBEAC, ficou surpreendida com a beleza desta região. “Mal posso acreditar”, diz ela, “que pelo menos no mapa ainda estou na grande cidade”. Ela explica que esta é uma das zonas mais pobres da cidade, mas agora os turistas vêm aqui para mais do que apenas tirar fotografias e comprar lembranças. Eles participam na vida dos agricultores, aprendem como funciona a agricultura orgânica e colhem os produtos que mais tarde utilizam para cozinhar o almoço. “É um entendimento diferente do que o turismo pode e deve ser”, diz Vera Lion. “Muitas escolas organizam excursões de campo para aprender com os habitantes e os seus conhecimentos tradicionais em Parelheiros”.

Foram os imigrantes alemães, entre todos os povos, que estabeleceram o primeiro cemitério protestante do Brasil aqui, neste local, em 1840. A casa do coveiro é agora uma biblioteca comunitária e sede do IBEAC, na qual projetos como o Acolhendo em Parelheiros tomam vida. Os residentes envolvidos com o projeto tomam todas as decisões e trocam conhecimento entre si e com outros projetos semelhantes. Uma parceria com a iniciativa Acolhendo na Colônia, que reúne cerca de 200 famílias de agricultores em Santa Catarina e que foi desenvolvido segundo um modelo francês, foi enriquecedora para o projeto de Parelheiros.

Thaise Guzzatti, co-fundadora do Acolhendo na Colônia, quer evitar que o turismo destrua aquilo que quer mostrar. “Temos de proceder com cautela e aumentar lentamente o número de turistas primeiro”. É a única forma de sustentabilidade funcionar. “Idealmente, estes turistas apreciam o que experimentam e querem preservar a experiência para que outros possam desfrutá-la”.

A pandemia atingiu duramente o projeto em Parelheiros. Até o momento, 530.000 brasileiros perderam as suas vidas para o Covid-19. De um dia para o outro, o número de turistas caiu para zero. O plano era desenvolver o projeto de modo a crescer lentamente nos próximos cinco anos. Como qualquer outro negócio, o pessoal da Parelheiros percebeu que o seu trabalho estava subitamente perdendo valor. O turismo chegou a um impasse em todo o mundo. No meio da pior crise sanitária e política que o Brasil já conheceu, a comunidade aproveitou o tempo e seguiu trabalhando no conceito do projeto.

Um parceiro estratégico e que se voltou cada vez mais para o projeto foi a Universidade de São Paulo. Professores, estudantes e doutorandos visitaram as famílias de agricultores antes da pandemia e, ao longo das restrições, elaboraram planos de trabalho sobre como tornar o turismo ainda melhor após o fim da pandemia. Durante a crise, os parceiros e forças locais trabalharam em conjunto e desenvolveram um projeto muito especial que provavelmente não teria existido sem a pandemia. Sob o selo “do campo à mesa”, eles deram às pessoas do centro da cidade a oportunidade de conhecer Parelheiros via internet. A experiência turística foi digital, mas aqueles que se envolveram acabaram com uma cesta de produtos orgânicos entregue em suas casas – incluindo uma receita para preparar o jantar para quatro pessoas.

Embora o Acolhendo em Parelheiros seja um projeto relativamente novo, ele já tem um alto perfil entre os especialistas em turismo sustentável. Thiago Allis, professor da Universidade de São Paulo, vê nisso um sinal de que o turismo vai mudar em grandes cidades como São Paulo ou Berlim. “Até agora, as cidades excluíam uma grande parte de seus residentes de desfrutar de sua cidade como turistas”. Mas o turismo sustentável acaba beneficiando também os residentes das grandes metrópoles – na medida em que o turismo não está mais limitado a apenas alguns hotspots. “Afinal de contas, a cidade tem mais a oferecer do que a Avenida Paulista em São Paulo ou o Portão de Brandenburgo em Berlim”.

Primeiro de tudo: lugares como Parelheiros são vitais para São Paulo. 30% do abastecimento de água vem desta parte da cidade. À medida que a indústria do turismo se recupera lentamente da pandemia, exemplos como estes são certamente um sinal de esperança para uma indústria que está começando a reconhecer cada vez mais seus impactos climáticos. Casos como estes não devem ser vistos como nicho ou exemplos isolados, mas como oportunidades para reinventar o turismo.

Para Thiago Allis da Universidade de São Paulo, é importante incluir processos urbanos no turismo, os locais que fazem de uma cidade o que ela é. “A cidade é feita de coisas materiais, mas também de pessoas”, diz ele, acrescentando: “Talvez acima de todas as pessoas”. Talvez se tenha de questionar a ideia de turismo, diz ele. “Só porque lugares como Parelheiros estão na periferia da cidade, não significa que sejam menos relevantes para os turistas”.

Allis diz que esta é uma boa oportunidade para “mudar a maneira como vivemos e interpretamos as cidades e, portanto, a maneira como fazemos turismo”. Desde as histórias, cultura e conhecimento da comunidade até os alimentos orgânicos preparados com produtos locais, “Acolhendo em Parelheiros” tem o potencial de compartilhar uma experiência profunda com seus visitantes, que levam para casa mais do que uma selfie em frente a um edifício famoso. Ao escaparem da agitação do centro da cidade, aqui os turistas estão no meio da natureza, olhando rios, árvores e escutando pássaros. E sim, eles ainda estão em São Paulo.

Texto e Tradução de Fabio Fornari

Para acessar o artigo publicado originalmente no jornal alemão Berliner Zeitung, clique aqui.

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Fundação da Associação de Agroturismo Acolhida São Paulo http://www.ibeac.org.br/fundacao-da-associacao-de-agroturismo-acolhida-sao-paulo/ Fri, 26 Mar 2021 15:36:09 +0000 http://www.ibeac.org.br/?p=1646 Na noite do dia 17 de março de 2021, foi fundada a associação Acolhida São...

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Na noite do dia 17 de março de 2021, foi fundada a associação Acolhida São Paulo, vinculada à Acolhida na Colônia. Envolvendo 15 produtores(as) da agricultura familiar orgânica e agroecológica, esta ação faz parte do projeto de Turismo de Base Comunitária do Ibeac em Parelheiros.

Com Diretoria e Conselho formados integralmente por mulheres, a fundação simboliza a persistência, amor, luta, garra e também, a força feminina à frente desta Associação. Seu foco é a promoção do agroturismo pedagógico, que valoriza as potências de Parelheiros como um território educativo, com muitos saberes e riquezas, capazes de semear a aprendizagem para a sustentabilidade, solidariedade e a atuação em comunidade.

 

O fazer junto e o envolvimento destas pessoas nessa rica construção coletiva é uma vitória ainda maior nesse ano de intensificação da pandemia. Agradecemos também à todos os parceiros que estão deste o começo conosco!

Parceiros: Araribá Cultura e Turismo, Sesc São Paulo, Cooperapas, Schumacher College, Escola Schumacher Brasil, EACH-USP, CPCD, British Council.

@araribaturismo @sescsp @cooperapas @schumachercollege @escolaschumacherbrasil

@usp.oficial @ppgturusp @cpcdbh @brbritish

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Acolhendo de cá e de lá http://www.ibeac.org.br/acolhendo-de-ca-e-de-la/ http://www.ibeac.org.br/acolhendo-de-ca-e-de-la/#comments Thu, 15 Feb 2018 18:49:37 +0000 http://www.ibeac.org.br/?p=644 Dos dias 31/01 a 04/02, o grupo de agricultores Acolhendo em Parelheiros realizou uma visita...

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Dos dias 31/01 a 04/02, o grupo de agricultores Acolhendo em Parelheiros realizou uma visita técnica no projeto Acolhida na Colônia de Santa Catarina. Esses dois projetos têm muitos pontos em comum: o conceito de Turismo de Base Comunitária, a valorização do que lugar tem de melhor e a potência dos empreendedores locais.

Nessa experiência que durou uma semana vivenciando as aprendizagens, os desafios e alguns princípios como: o sentindo de pertencer, solidariedade, construção coletiva, importância da agroecologia e as possibilidades de encontro do campo com a cidade. O objetivo foi  aprender boa práticas e multiplicar.

Vivenciar a prática foi importantíssimo para o grupo de Parelheiros que vive em um contexto complexo, uma área rural dentro de uma das maiores metrópoles do planeta, onde a desigualdade não é apenas um conceito, ela faz parte do cotidiano.

A visita proporcionou uma transformação. A de que é possível – apesar das dificuldades e com recursos próprios – desenvolver a propriedade, respeitando princípios, trabalhando em rede e pensado no bem coletivo.

Entrar nas propriedades dos agricultores do Acolhida na Colônia em Santa Catarina, foi a oportunidade de compreender que empreender é um processo também orgânico que exige tempo, organização e cooperação. Também que estes aspectos não são mecânicos.

Como disse Flávio, do Sítio Rei Arthur, uma das propriedades do Acolhida na Colônia: “Se for para nós fazermos coisas de forma mecânica na agonia da cidade, é melhor colocar o sonho em prática e ir morar no sítio. Queríamos nos livrar de duas coisas – não ter mais que ir ao supermercado e parar de comer coisas que não sabemos a procedência, ou seja, precisávamos ter nossa própria subsistência e de forma orgânica”.

Simplicidade foi um dos grandes aprendizados dessa visita de imersão. Simplicidade no seu sentindo mais sofisticado. Aquela que acolhe, cativa e faz emergir os sentimentos e memórias mais profundas. Engana-se quem acredita que qualidade de vida é sinônimo de cidade grande. Qualidade de vida tem muito mais a ver com pertencimento, de como fazendo parte de uma comunidade sou responsável pelas as transformações que acredito. Sentimento de pertencer e o desejo de transformação são um dos grandes elos que unem os projetos.

Dilma, do Sítio Mauerweck : “Aqui nós querermos mostrar a simplicidade! Mostrar que é possível viver com pouco, que com simplicidade é possível viver bem e comer comida boa”!

Para muitos, ouvir essas histórias e experienciar as práticas ajudou a refletir sobre a própria vida e como ela acontece em diversos contextos. Isso pode soar um tanto subjetivo, mas é essencial para a existência humana. Também podemos observar que as metodologias e tecnologias desenvolvidas não se restringem às propriedades. Elas tratam também da relação meio ambiente-indíviduo.

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Dida da Pousada Vitória contou: “No início aqui era uma agricultura de subsistência. Um dia, resolvemos comprar um apiário de uma pessoa que processava o mel de uma forma que matava as abelhas. Passou um tempo e começou a história do turismo. Foi quando eu me encontrei na vida! Eu conversava com os turistas, ouvia as histórias, trocava experiências com eles! Eu percebo que muitos dos meus hóspedes precisam vir aqui na minha propriedade para recarregar as energias, para conseguirem tocar a vida na cidade Eu faço parte da Rede Eco Vida. Mas, eu queria ser livre! Eu não uso veneno por uma proposta de vida. Então, por que eu preciso provar que eu não uso? Isso é uma chatice! Eu sei o que e como eu produzo. Quem está produzindo de modo convencional, não precisa provar! Pode isso”?

Esta vivencia só foi possível pelo apoio dos parceiros SESC, British Council, Acolhida na Colonia, Agência Arariba e a Cooperapas.

Na bagagem de volta a Parelheiros, os agricultores do Acolhendo em Parelheiros trouxeram muitas aprendizagens e o desejo de impactar ainda mais suas comunidades.

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